Por ela é que eu faço o palhaço

17 janeiro 2006

Outra dos editores

Nos idos dos anos 70, aqueles brabos em que a nossa geração nasceu, também nascia a terceira filha do Chico Buarque, esse mestre de quem certa vez o Millor Fernandes referiu-se como a única unanimidade nacional (até conversar com um motorista de taxi que não apreciava sua obra). Era 1975. Chamou-a Luisa, mesmo nome da filha do amigo e parceiro de então Francis Hime. Compuseram um acalanto, gravado pelo próprio Francis no seu LP de 77, "Passaredo". O nome da canção desta vez não foi escolhido pela sonoridade e poder evocativo, como em Carolina, Januária, Bárbara, Cecília e tantas outras dedicadas a mulher e ao universo feminino, mas porque esse é o nome das meninas. Chico assim explica, em entrevista a Simon Khoury, o caráter de verosssimilhança nesse caso: "Bem, é claro que pra filha da gente sempre se abre uma exceção." Abaixo, a letra da canção, donde tomamos emprestado o título do Blog:


Luisa
(Francis Hime/Chico Buarque)


Por ela é que eu faço bonito
Por ela é que eu faço o palhaço
Por ela é que eu saio do tom
E me esqueço no tempo e no espaço
Quase levito
Faço sonhos de crepom
E quando ela está nos meus braços
As tristezas parecem banais
O meu coração aos pedaços
Se remenda prum número a mais
Por ela é que o show continua
Eu faço careta e trapaça
E pra ela que eu faço cartaz
É por ela que espanto de casa
As sombras da rua
Faço a lua
Faço a brisa
Pra Luisa dormir em paz